11 de fevereiro de 2010

O mal do poeta é não saber dizer o que sente.
Consegue ele revelar apenas às páginas virgens e mudas, os seus nobres sentimentos, suas mais profundas tristezas e seus mais espontâneos pensamentos.
Ao terminar de contá-los encara suas ouvintes, as folhas.
E estas, já não sendo mais virgens, são igualmente mudas.
Segue o poeta, a suspirar, a crispar os lábios ou até mesmo a mordê-los, quando por mais de uma vez, seus sentimentos o avassalam, cobrando-lhe a liberdade, cheios de rebeldia e odiantes do anonimato.
Não saberá o poeta que os sentimentos são livres?
Tão livres que não obedecem e muito menos recuam se alguém não os aceita.
Tão livres que não vêm quando os querem, quando os chamam, quando fazem preces por eles.
Se o poeta libertá-los, tornar-se-á tão livre quanto um sentimento.
Para isso terá o poeta de livrar-se do terrível medo que sente.
Algo tão ou mais difícil que tentar esconder para si um sentimento.

E sem saber ao que sucumbir ele chora, molhando as folhas, que em silêncio e de propósito borram as confissões do poeta.

3 comentários:

ivan degasperi disse...

Olha Domingas falando difícil!!!
Gostei do blog!

renato disse...

Olá Domingas!

Sabes que o poeta é um fingidor!

Mas excelente texto que todos os poetas deveriam ler!

Um beijo,

Renato

Unknown disse...

Do! que texto maravilhoso. sabe lidar de uma forma mágica com as palavras