21 de agosto de 2016

As vezes basta.

As vezes basta levantar da cama num dia nublado.
As vezes basta não fazer quase nada do muito que temos que fazer
As vezes basta mandar uma mensagem para quebrar o gelo, pode ser uma imagem engraçada.
As vezes basta sorrir e fingir que não entendeu.
As vezes basta só ficar ao lado, sem falar nada, mas bem juntinho.
As vezes queremos fazer logo o muito, o perfeito, o melhor e acabamos não fazendo nada.
As vezes basta só o pouco mesmo, fazer pouco, mas fazer.
As vezes basta apenas começar.

(sem acentuação, por motivos de que em algumas vezes apenas as ideias já nos bastam)

10 de fevereiro de 2016

Aquela mania humana de ter o controle.
De querer voltar no tempo só pra poder consertar as coisas e fazer que a sua vontade prevaleça.
A mania de querer que os outros façam e acreditem n(as) mesmas coisas, tomem as mesmas decisões e caminhos.
Eu nunca faria (...)
Eu faria (...)
Tudo gira ao redor do eu.
Do umbigo.
Da vontade gigantesca de estar certo.
 

18 de junho de 2015

Fico pensando na quantidade de saudade que o ser humano carrega.
De todas as bagagens essa é a que mais pesa e que não tem como deixar para trás, somos feitos por histórias.
Parece que a vida vai se tornando mais dificil,  mas eu acho que a vida sempre é a mesma, nossa forma de olhar o mundo é que muda.
Nos tornamos mais cansados, mais duros, mais amargos.
Quando jovens queremos mudar o mundo mas ao envelhecermos ficamos cegos, surdos e mudos às injustiças.
Deve ser por isso que temos saudades do passado, por que lá éramos melhores, ainda tínhamos esperança, éramos a esperança.

15 de março de 2015

   
       Quando eu era criança chegava a noite e não tinha mais o que fazer, vinha o tédio. Já tínhamos chegado da escola, assistido à televisão, jantado, brincado na rua, tomado banho e era hora da novela da mãe, reinava o silêncio.
     Lembro que em uma dessas ocasiões silenciosas, ouvi um canto de um pássaro, contínuo, desesperado - "Mãe por que só tem um pássaro voando uma horas dessas no escuro?" - "Ele deve ter se perdido do bando" - dizia a minha mãe. 
     Eu logo me enternecia e caia em grande tristeza por essa ave, voando sozinha, sem sua família, na escuridão, sem saber onde pousar para descansar, gritando na esperança de ser ouvida e resgatada.
     Tempos mais tarde quando meu pai faleceu eu me senti como aquela ave, e ainda hoje, meu maior medo é esse: me sentir perdida, sozinha e sem direção, e como sou humana e não ave - sem chão.
     

1 de março de 2015




                                             Eu só preciso de um pouco de paciência.

4 de janeiro de 2015


Foi-se o tempo
em que acreditávamos
no que dizia a TV
as revistas
os outros

Foi-se o tempo
em que tínhamos paciência
pra fila
pro ônibus
pro próximo

Foi-se o tempo
em que sonhávamos
com a infância
com dias melhores
com os anjos

Foi-se o tempo
Nós ficamos.